terça-feira, 7 de maio de 2013

Tecla mute.

Cada dia acho mais complicado frequentar redes sociais e descobrir o que meus colegas pensam.  Normalmente estou aberta a diálogos e debates, mas ultimamente não tenho paciência pra nada. Tudo me atinge. Fico extremamente triste com opiniões sem nenhum nexo , de pessoas que sei que são inteligentes e que possuem acesso ao estudo. Opiniões influenciadas por revistas vestidas com seriedade, mas sensacionalistas, ou por programas de televisão, mas todas sem um estudo verdadeiro sobre uma determinada questão. Decidi que estou aberta apenas para aqueles que argumentam. Fora isso, tento excluir. Estou cansada de manifestações de ódio, de sentimentos revanchistas, de análises estigmatizadoras. Sinto-me enojada. Ai saio da internet, e falo que vou demorar dias pra voltar. Porque dói de verdade. Nem todo mundo eu posso bloquear. Entao o melhor é ficar um tempinho afastada porque o assunto sai da moda e aí não fico tão exausta em ler a alegria de muitos pela campanha do pão e do circo.

Cansa tentar entender.Tentar explicar mais ainda. Direitos humanos não é sinônimo de direito de bandido. Mas pareço falar sozinha. Aí paro de falar. Apenas sorrio. Depois me sinto uma farsa por fingir aceitar discursos que tanto me doem. A errada sou eu, por falar e por calar. Eu me afasto e peço a Deus para me perdoar. Cansa aceitar que as pessoas continuam querendo se enclausurar e viver no ambiente definido como seguro e perfeito, e esquecer que existe todo um mundo aí fora, clamando por atenção, por amor, por gente. Gente! Por mais impressionante que isso possa parecer, existem pessoas fora dos bairros perfeitos, com padrões americanos de ideais. Gente que luta, que sofre, que tenta viver e vive muitas vezes melhor porque não tenta ostentar uma felicidade de revista Caras. E devemos olhar para o lado e aprender com eles, porque não aprendemos apenas nos nossos círculos sociais. Viver em harmonia e ser solidário não é ter compaixão apenas pela dor de uma determinada classe social. É entender o todo e quebrar as barreiras para efetivamente alcançar a paz. 

Felizmente sempre acontece o lado bom das redes sociais. Porque sempre aparece alguém que não se cala como eu. E eu fico tão feliz... sinto-me tão menos sozinha. Fico com vontade de abraçar essa pessoa e pular e gritar! Imediatamente volto a acreditar que o mundo tem chance sim. Talvez não para essa geração. Mas para a próxima... a próxima ainda dá pra criar melhor e fora da casinha.

Mas enquanto isso... se não dá pra parar, dá pra desacelerar um pouquinho o mundo pra que eu tire férias? Depois eu prometo que o alcanço lá na frente de novo. Ou talvez eu só precise de uma borrachinha pra apagar boa parte do que eu leio e de uma tecla mute, pra silenciar o blablablá mesmo. Já que me cansa fingir que estou ignorando o tempo todo, melhor efetivamente deixar no mudo e não escutar por um bom tempo.

3 comentários:

  1. Te entendo perfeitamente. Não só entendo, mas ter algumas amigas como você faz com que eu não me sinta só no mundo. Essa impotência de ver o discurso do ódio se propagando e não ter muito o que fazer. Respirar fundo e continuar, sempre que der. Falar de amor. Li um livro do Galeano, chamado "Dias e noites de amor e de guerra" e estou convencida de que, se metade da população o lesse, o mundo se transformaria. É preciso que saibamos das nossas possibilidades de amor e das nossas possibilidades de ódio. De tudo isso somos feitos, da nossa humanidade demasiada humana. E da potência. Da transformação. Dói. A gente descansa quando dá. Respira quando dá. E continua.

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  2. Estava lendo isso e lembrei de você:

    http://www.rubemalves.com.br/badulaques09.php

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  3. A raiva, o "ódio" e amor nos são necessários. Quando bem canalizados é claro!

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