Gente boa se atrai. Eu devo ser muito boa mesmo. Claro que
iríamos nos reencontrar, mesmo se nascêssemos em continentes diferentes, ela no
asiático e eu no africano. Nos conhecemos há muitas vidas e muitas vezes somos
um só. Ela é uma das minhas metades, meu lado solto, selvagem e louco. Sempre
que me falam que eu sou livre, penso nela: eles não sabem de nada: só conhecem
meu lado careta.
É difícil escrever sobre ela porque é difícil escrever sobre
a gente. Quando estou me sentindo sozinha em meus ideais, penso imediatamente
nela: e sei que estamos conectadas. Não precisamos conversar sobre o assunto:
simplesmente sei porque ela é meu lado mais inteligente e humano. E amamos
muito, apesar de. Amamos tanto o mundo que dói intensamente. Aí nos
reencontramos nos vazios de nossas bolhas e a fraqueza toda num instante passa.
Ao seu lado eu me sinto mais bonita. Ela é tão linda que
respinga parte da sua beleza na gente. E desfilamos pelas ruas atraindo olhares
mesmo distraídas, e as pessoas percebem que mesmo tão diferentes somos tão iguais.
Comentam sobre isso, e eu fico muito feliz. Eu devo ser muito boa mesmo.
Acho que foi numa crônica de Rubem Alves que li que a verdadeira amizade é a que tem suas raízes fora do tempo, na eternidade, porque um amigo é alguém
com quem estivemos desde sempre. Traduz tudo. Não é fácil descrever alguém tão
similar, tão conhecido. Tão gente. Somos irmãs num tempo/espaço indeterminado,
o sempre. E assim termino sem saber como terminar e percebo que não disse nada!
Mas não preciso né? Nos entendemos no silêncio. Mais uma vez obrigada,
Universo, pelos reencontros de alma. E parabéns para mim porque hoje também é meu
aniversário.
Que lindo! É exatamente isso: estamos conectadas em uma dimensão atemporal. Você é uma das minhas referências, um dos meus reflexos e um dos meus melhores pedaços. Beijos!
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