Difícil saber qual lado era o o mais chato no dia dos
namorados: os dos solteiros ou o dos que estão em um relacionamento.
Li solteiros falando da futilidade dos relacionamentos
atuais; criticando a data porque só aumenta o falso amor, o consumo, alimenta a
hipocrisia entre os casais e etc... e por outro lado, namorados que perderam
tempo debochando dos solteiros, porque é impossível ser feliz sozinho, chamando
os outros de frustrados e encalhados, mandando rezar pra Santo Antônio...
Há verdade e mentira nos dois lados. Mas o que me cansa é a
valorização de uma data que acabou se tornando maior do que o amor.
Por outro lado vi casais lindos mostrando a felicidade de
estar juntos, não apenas no dia 12, mas no resto dos dia tambem. Casais não
preocupados com o tamanho do presente – simplesmente com o sorriso do outro,
com o abraço, o olhar. Esses casais não precisam ostentar a felicidade, são
felizes porque simplesmente são. Assim como os solteiros que também celebraram
o dia, alegres, livres, e rodeados do amor puro, independente de estar
acompanhado ou não.
É fácil questionar a forma do outro de amar. Já fiz isso
várias vezes. Não conseguia entender uma forma de amor que não fosse a minha. Eu não entendia batalhar tanto tempo
pra um relacionamento dar certo. E nunca entendi a falta de individualismo em
alguns casais. Mas hoje eu desci da minha bancada ao perceber que cada um
desenha a sua felicidade. Cada um sabe a sua forma de amar. A minha não é
melhor ou pior, assim como a dos meus amigos, é simplesmente a que funciona
para mim. Podemos não entender um aos outros, mas respeitar e torcer para que todos saibamos ser felizes. Acompanhados ou não. Não existe só uma via.
No final parei de tentar entender as provocações dos dois
lados e sorri ao ver que cada vez mais as pessoas entendem que somos todos uma
unidade e que devemos contemplar todas faces do amor. Se falamos a mesma
língua, pouco importa quem está casado ou solteiro. O que importa é que nos
completamos.
Ainda sobre o amor:
Eu estava na aula do curso de direitos fundamentais e
acompanhando notícias da manifestação paulistana pelo celular. De repente
começei a me sentir uma farsa. Estava incrivelmente orgulhosa do protesto, e
compartilhei notícias, defendi os manifestantes... mas eu estava dentro de uma
sala de aula discutindo a teoria enquanto a história aconteceu há poucas
quadras depois. Todos estávamos. Falávamos de liberdade, judicialização dos
direitos humanos, em novos caminhos para traçar...mas estávamos dentro de um
prédio, enquanto o abuso acontecia ao nosso lado. Quando bateu a consciência e
já era tarde, precisei sair um pouco. E procurei me desculpar silenciosamente
com os meus princípios e com aqueles que lutavam por mim. Espero da próxima vez
ter a coragem de não mandar apenas a minha compaixão. Mas de também usar os
meus pulmões e gritar. Como pacifista,
acredito no poder das palavras. Porém, algumas vezes, é só com muita voz no
mesmo tom que conseguimos fazer o outro enxergar o amor além do próprio umbigo.
É tudo questão de amor ou da falta de.
ResponderExcluirÉ como diria Renato Russo: "que mentir prá si mesmo é sempre a pior mentira"
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