quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pra frente

Nem sempre é fácil seguir em frente. Às vezes, quando a vida te dá uma grande rasteira, você até tenta, mas não consegue parar de cair. E fica fácil fingir durante o dia, fica fácil esquecer no meio das pessoas, mas quem consegue se enganar por tanto tempo? Eu sempre entendi que quando não conseguimos ficar sozinhos é porque não estamos satisfeitos com o nosso presente. Porque a solidão é necessária para saber se aprendemos o que o mundo tenta nos ensinar. Ela é importante para que possamos agregar todo o conhecimento disperso e para que possamos ouvir apenas a nossa voz, e não a de todas as outras bocas ao redor.

Mas quando a solidão dói demais, é preciso saber o porquê. E talvez a resposta esteja em olhar para trás. E procurar as nossas raízes. A nossa árvore da vida.
Fui em busca da minha no mês anterior. Estava com medo de que ela estivesse meio bamba. Mas quando a encontrei, vi que finquei ela tão firme que não tem como ela adoecer. Sim, estava com as folhas meio secas, mas vivas, porque ela sempre é regada. Isso porque sempre tem alguém que aparece lá, sem que eu saiba, e faz chover. Obrigada.

Mas para que os frutos venham doces, eu precisava abençoar ela também. Porque esse ano foi tão corrido que mal tive tempo de pensar nela. Já passei pelo meu inferno astral fora de época. Já me permiti chorar e chorar até não aguentar mais. Foi necessário. É fase de mudança. Mas chega. Agora é hora de colher os frutos que estão loucos para amadurecer.

Encontrando a minha árvore, consegui ser arrebatada. Sozinha, em uma praia onde eu podia jurar que estava deserta. Estendi minha canga, deitei na areia. E assim eu viajei. Quando voltei para mim, percebi que tinha um campeonato de volei ao meu lado, música tocando alto, mas eu estive no mais completo silêncio por um tempo indescritível. Na verdade, eu escutava apenas o barulho do mar. Estávamos só eu e a praia. Em paz. E completamente, inteiramente feliz. Eu não murchei.

Tudo mudou desde então. Tudo voltou a ser como deve ser. Pra frente. Graças às minhas raízes, ao meu passado tão bem construído. Graças aos anjos que vivem comigo, que além de cuidar, acreditam em mim. É o que eu mais precisava, dessa crença. Fica até fácil. Pra frente.