Nas últimas semanas, em vários momentos, eu não me reconheci. Estava com uma raiva dentro de mim de forma que eu nunca antes havia sentido. Ela estava me incomodando tanto, e isso só a fazia crescer. Engraçado como é fácil fazer a raiva ganhar força.
O pior era não saber o motivo. Claro que cada dia eu dava um, o facebook, algumas discussões idiotas, os problemas do mundo, mesmo os mais banais, ou coisas que não são da minha conta. Eu sempre fico revoltada com alguma coisa, mas logo passa. Mas não era só uma coisa. E não passava.
Mas cheguei no meu limite, após mais uma noite de insônia. Levantei furiosa e sem saber o que fazer. Quando eu estou cansada da cidade, fujo pro mato; cansada de alguns papos, procuro pessoas que falem diferente. Quando estou muito entediada, procuro viajar. Mas e com tanta raiva? Não sabia o que fazer, nunca passei por isso antes.
Então resolvi caminhar. Sozinha. No silencio. Com o aparelho de celular no silencioso, sem livro, sem música. E sem lugar de chegada.
E foi aí que eu voltei a ouvir.
O mundo anda tanto agitado, que esquecemos de ouvir. Ignoramos sinais, cutucões, pressentimentos. Ficamos ansiosos e procuramos soluções rápidas. Fingimos que está tudo bem que até nos enganamos. Por isso, de vez em quando, precisamos parar e realmente meditar sobre o nosso comportamento.
Não importa os motivos que me deixaram com tanta raiva. É preciso explodir ocasionalmente, e poder gritar pra que não fique machucando aos poucos. Porque cansa ter que aceitar tudo porque o mundo diz que tem que ser assim. Cansa ver tanta coisa fora do nosso alcance, cansa lidar com as injustiças, cansa discursos politicamente corretos que são igualmente errados.
Só que tem que passar. E para mim, pra tudo passar, foi só voltar para o básico, procurando o silêncio. Eu nunca entendi as pessoas que precisam sempre estar rodeadas de gente, que tem medo de ficar sozinhas. Eu não. Sou meio bicho de mato nesse ponto – preciso de solidão para poder ouvir o meu eu, dentro de mim, que sabe de tanta coisa. Foi só fazer isso que toda a raiva, de repente, passou.
Mato. Mar. Silêncio. Solidão. Companhia. Tem sempre um caminho diferente, mesmo que ele seja doloroso. Às vezes me incomoda também esse ritmo alucinante do mundo, em que temos que estar sempre correndo, para não nos ocuparmos de enxergar. Felizes os que enxergam, mesmo que doa. Por isso você é minha irmã!
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