sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Anoxia


Eu ando me sentindo sufocada nessa semana, e percebo que isso sempre acontece quando passo um mês na mais intensa rotina. Estava tentando conter todo esse sentimento, mas no domingo de manha, após andar uma horinha apenas de bicicleta, lembrei o quanto amo ser solta no espaço. A pedalada não me ajudou – foi tão curta. E não ajuda quando acho que sou a única a me sentir assim. Tentei voltar para a semana cheia de aulas e para o barulho de TV, mas ontem eu tive que sair e correr na rua (porque decidi novamente abandonar a academia), apenas para me sentir dona de mim novamente.

 Ainda por cima, fiquei doente. Mas acho que fiquei mesmo foi doente da alma. Eu me senti tão sufocada dentro da sala de aula e ao contrário das pessoas que se sentem assim, e se trancam, eu quis sair para o mundo. Mas como não foi possível, tive que sentar na varandinha pequena do meu apartamento e respirar. Porque parecia que meu oxigênio tinha diminuído e só depois de horas que ele voltou. Fiquei quase meditando na mesma posição até voltar ao normal.

E aí eu li o texto de uma amiga que passeou em Bali e ela falou em anoxia. Ela já tinha mencionado isso para mim, mas eu apenas me lembrei ontem. Acho que sofro do mesmo mal – nem acho que peguei dela, sempre me senti assim e nunca soube me expressar. Às vezes, mesmo em ambientes grandes, parece que estou entubada e só fico longe bem quando profundamente respiro. Achei engraçado porque mesmo distante, minha amiga – que tem a mania de acertar as coisas – me ajudou a lembrar que eu não sou a única a me sentir assim, e no mesmo instante me sentir acompanhada.

 Apesar da definição de anoxia no Wikipedia não definir o que eu sinto (falta de oxigenação no cérebro!), entendi o sentido que a minha amiga quis dar a essa “sensação”. No meu caso, é como se a falta de liberdade limitasse meus sentidos, me enfraquecendo e me deixando fora de mim. Por isso a falta de ar. Por isso preciso sair e respirar. E a rotina tem a péssima mania de me fazer sentir assim, presa. Dizem que a vida de adulto tem que ser assim, com muita rotina. Eu acho que é mais uma coisa que as pessoas falam porque repetem as regras, mas não porque acreditam.

Essa semana, para piorar, assisti ao filme Melancolia, o que me deixou sem fôlego. A amiga que assistiu comigo disse que ainda bem que ela está numa boa fase e não estuda mais para concurso. Muito legal, eu ainda estudo. Mas acho que nem é isso o que me aperta. É o não saber se conseguirei ficar bem fazendo a mesma coisa, convivendo com pessoas que são tão distantes de mim – porque eu já sei que elas serão. É o pior lado da minha opção de carreira. Culpa desse lado virginiano ruim que cisma em tentar me deixar mais certinha para os padrões convencionais. Mas isso, ocasionalmente, só aumenta a minha sensação de “anoxia”. E nem sei se tem cura pra isso.   

3 comentários:

  1. Eu já te falei amiga!!! vc tem que escrever um livro!!bjs Tati.

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  2. Bicicleta? Isso mesmo? =)
    Ahhhh, saudades!!! Temos que marcar um encontro urgente assim que eu pisar no Rio!!!!!!!!

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  3. Eu tento te entender...não que eu não entenda, eu entendo.
    No entanto, o que me acalma é o que te deixa nervosa e com essa tal sensação de anoxia. No meu caso, é justamente o que você chama de falta de liberdade, o que eu sinto que me liberta.
    A minha liberdade está na rotina e nos planos que tracei para mim. Acho que o que me liberta é justamente a sensação de segurança que a rotina me proporciona que, no seu caso, é tédio e prisão!
    Eu sinto anoxia quando fujo da rotina, quando me sinto "solta" demais no mundo. Isto sim, me priva e me rouba os sentidos e a sensação de liberdade.
    Que doideira! rs

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