É difícil escrever sobre amor nesses tempos estranhos. Ainda
assim, cada dia mais penso nele. Toda vez que vejo, leio, escuto as atrocidades
que estão sendo cometidas, quanto mais enojada fico com o desrespeito do ser
humano pelo próximo, com o nosso egoísmo, com a nossa falta de vergonha ao
potencializar nossos problemas e não olhar pra quem está tão perto... mais eu
penso em amor.
Anos atrás eu praticamente não falava “eu te amo”. Eu achava
que era uma frase tão forte, e para que ela ficasse banal, eu tinha
que pronunciar bem pouco. Acreditava que quem eu amava sabia, ou pelo meu
olhar, ou pelo carinho que eu demonstrava ter. Mas apenas falava de amor em
momentos especiais e intensos. Hoje não. Hoje eu falo eu te amo o tempo todo, e
ainda assim vi que não banalizei o amor.
Falo todos os dias que eu amo alguém. Posso ter ficado meio
brega, mas por que não? Percebi que a palavrinha tem tanta força que ao
pronunciá-la, ajudo a espalhar o amor no universo. Não tenho que ficar pensando
em ocasiões ou em oportunidades, sentimento não é isso. Nossos amores precisam
saber da sua importância no nosso mundo. Claro que é fundamental demonstrar
também. Mas como é lindo ouvir o amor sincero... imediatamente provoca um
sorriso, um abraço, um aperto bom no coração. O mundo anda precisando de
sorrisos...
Depois que parei de ter vergonha de falar eu te amo, depois
que parei de racionalizar o sentimento tão puro e perfeito, percebi que mudei, justamente porque não falo só por costume, mas sim porque desejo. Tenho mais paciência,
penso mais antes do ataque, revido menos porque me tornei menos arbitrária.
Pode ser a maior coincidência, pode ser amadurecimento. Mas quando mais amamos, não nos tornamos melhores? Se não tenho mais medo de divulgar meu amor,
isso também não me torna mais doce e consequentemente tenho menos defesas e amo mais? Então
acordo, penso nas pessoas que amo, penso na vida que almejo e fico mais forte.
O amor fortalece por ser altruísta, e nos faz olhar mais pro próximo porque
desejamos felicidade para além do nosso mundinho umbilical.
O amor não tem que ficar parado dentro da gente – é um
sentimento de comunhão e tem que ser mandado pro mundo. Então, mesmo nessas
fases onde a tristeza parece dominar, espalhe amor. É possível sim mudar o
mundo desse jeito. Afinal, quando não se
conhece o amor puro, mais individualista ficamos, mais rancorosos e o ódio toma
força. E não pensar no próximo só aumenta essa bagunça do mal que estamos vivenciando.
Vamos amar pra mudar as coisas.