segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amor platônico

Preciso compartilhar: eu tenho um amor platônico. A última vez que tive um, eu devia ter uns 14 anos. Deve ser conseqüência de Saturno na minha vida. Ele é alto, negro, magro definido e corre na pracinha em frente ao meu prédio, sempre ouvindo música. O problema é que ele nunca corre num horário fixo, então eu nunca sei quando posso encontrá-lo. Eu já o vi na hora do almoço, tarde da noite, e pela manha. 
O que eu não esperava era me deparar com ele saindo do Banco na esquina da rua. Fiquei hipnotizada por alguns instantes e não consegui sair do lugar. Ele, como sempre, nem ousou olhar na minha direção, ficando como sempre no mundo das pessoas altas e lindas. Quando passou o choque, pensei em segui-lo, só para saber onde ele mora. Mas o meu lado racional me brecou dizendo que não seria legal ser uma perseguidora gaga. Sim, porque eu tenho certeza que eu demoraria séculos para conseguir falar com ele. Eu tenho problemas em conversar com homens lindos, ou eu costumo esnobá-los ou fico igual uma adolescente retardada suando e rosnando frases inexplicáveis. Então eu resolvi entrar no Banco e seguir a minha vida.
Mas agora a minha rotina está toda alterada porque eu costumo sempre sair a mais desleixada do mundo para os lugares ao redor da minha casa. Como posso fazer isso agora? Se eu o encontrei no banco, posso também encontrá-lo no supermercado! Ou na padaria! Ou quem sabe, no barzinho na esquina, solteiro e falando sobre futebol! Então é melhor me preparar para o dia, aparentemente comum, mas que ele vai resolver sair universo paralelo e dar um pulinho no mundo real. No meu mundo. E eu tenho que estar bem humorada e bonitinha para ao espantá-lo de vez.
Isso tudo é a prova da minha teoria de como desenhos fofinhos românticos podem fazer mal à vida de uma pessoa. 

domingo, 3 de abril de 2011

Outono


Com a chegada da melhor estação, tudo fica mais bonito. Porque o belo não é somente o que floresce junto ao que parecia morto. E muito menos a epidemia quente e instável. Mas principalmente é o que amadurece e consegue refletir infinidade de cores amarelas, laranjas, vermelhas e ouros. É a estação que mais me aconchega. É claro que os dias começam a se tornar mais curtos e as noites mais longas, e que logo logo os vestidos estampados serão trocados por casacos monocromáticos. Mas as chuvas e principalmente as tempestades ficam escassas e o sol tão mais maduro! E a natureza canta, as folhas dançam e tudo fica mais saboroso e cheiroso e regado a vinho. Assim, tudo se acalma, e todo o drama anterior fica tão sem sentido e ao mesmo tempo tão engraçado! Amo o outono. Agora sim, como é bom voltar pra casa.