Eu tenho muita pena de mim quando eu estiver grávida.
Eu sempre tive o olho muito grande para comida, mas já faz um tempo que eu tenho vontade louca por coisas que eu não gostava antes. Começou com a berinjela. Eu sempre odiei berinjela, não conseguia sentir o cheiro que dava ânsia.
Até que um dia eu entrei no restaurante que eu almoçava todos os dias, olhei para a cara da berinjela e achei deliciosa. E tive que provar novamente e foi uma paixão louca: fiquei semanas só comendo todas as variações possíveis de berinjelas e não entendo com pude passar tanto tempo da minha vida odiando algo tão, mas tão gostoso. Hoje é um dos meus pratos preferidos.
O inhame é outra paixão desse ano. Eu também sempre fiz careta, e um dia a Karine fez de almoço e eu reclamei e reclamei. E aí ela me chamou de fresca e para provar que ela estava errada (porque eu sou fresca com muitas coisas, mas não com comida!), coloquei no prato e coloquei na boca com toda a coragem do mundo. E na hora pensei, meu Deus, que delííííciaaaaaa... hoje ela tem que fazer inhame toda semana para mim.
Há um mês atrás, eu olhei um nabo na feirinha orgânica e fiquei apaixonada. Que vontade de comer nabo! Liguei lá pra casa e queria saber como fazia, come cru, cozido? Eis a resposta da minha mãe:
- Desde quando você come nabo?
- Eu sempre gostei, não?
- Claro que não, é muito ruim.
E até hoje eu não comi o bendito nabo e não consigo parar de pensar nele.
E ontem eu fui almoçar em um Café super gostoso no Centro do Rio, porque eu tinha que comer cookie de sobremesa. Como eu já sabia que queria doce, resolvi comer uma salada com quiche, alias, deliciosa, com pedacinhos de pêra seca e nozes, e eu estava super satisfeita com o meu almoço. Quando já estava no meu café, deliciando o meu cookie com pedaços de castanha, quando ouvi o cara na mesa ao lado falando que queria comer risoto de frango com açafrão. O QUE? Como eu não vi isso no cardápio? Eu tinha que comer risoto de frango com açafrão, mas já estava na sobremesa! Comecei a entrar em pânico, se seria muita loucura voltar a almoçar – e se ainda caberia algo no meu estomago – quando ouvi a garçonete falar:
- Esse prato está delicioso. Você quer ele mais sequinho ou molhadinho?
(COMO ASSIM, VOCÊ QUER ME MATAR??!)
- Tanto faz, você decide.
(EU DECIDO, EU DECIDO, MAS DIVIDA COMIGOOO)
E lá foi a moça, e eu fiquei tão triste na minha mesa, me sentindo repentinamente tão sozinha porque não tinha ninguém ali comigo para dividir o risoto de frango com açafrão.
Sai triste do restaurante (e pretendo voltar lá hoje e todos os dias seguintes até finalmente conseguir comer o prato) e liguei para a minha mãe. E contei para ela que comi uma salada deliciosa, mas queria muito ter comido o risoto com açafrão.
- Que bom que você gosta de açafrão! Eu já fiz esse risoto várias vezes aqui em casa e você nunca quis comer.
- Claro que eu gosto, eu amo! Você está me confundindo com a Mônica. Estou com água na boca, que droga que não vi que tinha antes!
- O que é açafrão Leilane?
- ...
Mas eu sei que eu amo. Eu sinto isso.
Tenho muita pena de mim quando eu estiver grávida. Acho que vou deixar muita gente doida.